A Organização das Nações Unidas (ONU) demonstrou preocupação, ressaltando o potencial de mangás, animes e videogames no Japão para promover estereótipos de gênero e violência sexual. Em um relatório publicado em 30 de outubro, o Comitê para a Eliminação da Discriminação contra as Mulheres criticou esses conteúdos culturais. De acordo com o comitê, essas mídias podem reforçar visões discriminatórias, perpetuando estereótipos e representações inadequadas.
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Em resposta ao relatório, autoridades e políticos japoneses manifestaram críticas, com destaque para o parlamentar Yamada Taro. Ele questiona as bases do relatório, solicitando que o Comitê para a Eliminação da Discriminação contra as Mulheres seja transparente sobre as fontes e metodologias empregadas na análise.
O documento recomenda que o Japão implemente medidas legais e programas de monitoramento, buscando restringir materiais que, na visão da ONU, reforçam estereótipos de gênero e promovem a violência contra mulheres e meninas.
Porém, Taro afirma que as autoridades japonesas não confirmaram discussões sobre mangás e animes nas reuniões com o comitê. Segundo ele, o conteúdo do relatório representa uma ameaça à liberdade de expressão no Japão, ao tentar regulamentar produções culturais sem diálogo apropriado com o setor criativo e a sociedade japonesa.
ONU pede ações contra estereótipos de gênero em mangás e jogos japoneses
A ONU sugere que o governo japonês intensifique ações para enfrentar estereótipos de gênero na mídia, incluindo mangás e videogames. Entre as recomendações, o documento reforça a necessidade de uma estratégia abrangente, destinada a promover uma visão equilibrada em diversos setores, incluindo na educação e no mercado de trabalho.
Além disso, o relatório enfatiza a necessidade de combater mensagens sexistas e representações estereotipadas de mulheres e meninas na mídia e nas redes sociais. A ONU ressalta que esses conteúdos tendem a perpetuar a violência e a discriminação contra mulheres, especialmente entre minorias étnicas, como as Ainu, Buraku e coreanas Zainachi.
Reações no Japão: Liberdade de expressão e políticas de igualdade
Yamada Taro manifestou preocupação sobre o impacto do relatório na liberdade de expressão, sobretudo para os setores de anime e mangá, que são significativos na cultura japonesa. Segundo Taro, as recomendações do comitê são unilaterais e sugerem uma forma de censura, que poderia prejudicar a diversidade cultural no país. Para ele, os animes e mangás representam não apenas formas de entretenimento, mas também uma expressão artística enraizada na sociedade japonesa.
No entanto, a ONU elogia o Quinto Plano Básico para a Igualdade de Gênero do Japão, que tem como meta eliminar preconceitos e promover uma maior conscientização sobre a equidade de gênero. Mesmo assim, o comitê aponta que as atitudes patriarcais ainda prevalecem em setores como educação e emprego, dificultando avanços mais efetivos para as mulheres.
Recomendações da ONU para combater estereótipos em produtos culturais
A entidade recomenda a criação de uma política nacional para enfrentar estereótipos de gênero, especialmente em relação às minorias étnicas. A proposta inclui treinamentos para servidores públicos e jornalistas. Assim, com orientações sobre linguagem neutra e a promoção de representações positivas das mulheres nos meios de comunicação.
O debate em torno da questão levanta discussões sobre o equilíbrio entre liberdade artística e a necessidade de enfrentar problemas estruturais de desigualdade. A ONU reforça que, embora reconheça as especificidades culturais de cada país, vê como essencial a promoção de políticas que não perpetuem estereótipos. A entidade sugere que as diretrizes propostas sejam acompanhadas de investimentos e avaliações frequentes para garantir eficácia na execução.